Com sua demarcação assinada pelo Presidente da República em 2005 e ratificada pelo Supremo Tribunal Federal(STF) em 2009, a reserva indígena Raposa Serra do Sol, localizada no Estado de Roraima, ocupa uma área de 1,7 milhões de hectares, o que representa por volta de 7% da área total do Estado. Na reserva, vivem quase 20 mil índios de várias etnias que agora podem usufruir de toda a extensão demarcada com exclusividade, já que todos os não índios foram obrigados a deixar a reserva, sendo necessária uma operação da polícia federal para garantir a desocupação.
A reserva indígena Raposa Serra do Sol finalmente saiu do papel após uma luta de 88 anos ( segundo documentos oficiais, a criação da reserva foi recomendada em 1917) e trouxe consigo grandes problemas vinculados aos dois lados interessados na demarcação: os “brancos” que viviam na área da reserva e os índios que reivindicaram o direito à terra. Por um lado, os brancos que viviam na área plantavam arroz que abastecia o Estado e também os estados vizinhos e respondia por 6% do PIB de Roraima, além de outras propriedades de criação de gado e por outro lado, os índios de diversas etnias apoiados pela Fundação Nacional do Índio(FUNAI) e outros órgãos estatais,além de diversas ONGs.
Após a demarcação, houve uma série de atos violentos por parte dos arrozeiros (plantadores de arroz) que incendiaram várias casas dos índios, bloquearam estradas, ameaçaram de morte e chegaram até estacionar um carro bomba em frente a instalação onde estavam diversos policiais federais, designados para retirar os brancos da reserva, além de muitas outras ações em represália à decisão do STF. Até o governador do Estado entrou na briga decretando sete dias de luto oficial em protesto à demarcação das terras, alegando que o Estado só teria a perder.
Reserva Raposa Serra do Sol- Fonte: Blog Geografia Hoje
As consequências dessa ação do governo federal foram sentidas algum tempo depois, na periferia de Boa Vista (capital de Roraima), surgiram 4 favelas que em sua maioria são povoadas por brancos que viviam na área da reserva e foram expulsos e ainda aguardam a indenização por parte da União. As favelas também são ocupadas por vários índios que trabalhavam nas propriedades dos arrozeiros e vendiam sua produção(mandioca,frutas e pequenos animais) para estes e que agora não tem como sobreviver na reserva, uma vez que não existe mais o salário que garantia seu sustento, assim como não há para quem vender sua produção de subsistência.
O que não foi divulgado, que talvez seja o principal motivo da vontade dos índios demarcarem a reserva é que na Raposa Serra do Sol existe a maior reserva de ouro do planeta; existe a maior reserva de nióbio que supera em 14 vezes a quantidade conhecida no mundo, capaz de ser explorada por mil e duzentos anos ininterruptos; há a segunda maior reserva de urânio do planeta; há reserva de diamantes, zinco e muitos outros minérios. Coincidentemente, surgiram vários garimpos clandestinos de ouro e diamante, operados pelos índios que livres da concorrência do homem branco, podem explorar “por baixo dos panos” uma riqueza que por lei pertence à União, mas por estar localizada em uma reserva indígena, não pode ser explorada, teoricamente.
A demarcação da reserva Raposa Serra do Sol, certamente atendeu a interesses internacionais alimentados por ONGs que detinham de alguma forma o conhecimento do potencial mineral da área e que agora usufruem com a ajuda dos índios que ficaram, da exploração ilegal dos minérios. A criação da reserva trouxe até agora mais prejuízos do que benefícios para o Estado de Roraima e quem sabe trará muito mais prejuízos, dessa vez ao Brasil, pois os limites da reserva extendem-se até a fronteira com a problemática Venezuela e com a Guiana, que pode ser (se não já for) a porta de entrada para estrangeiros atuarem livremente na reserva, sem que possamos saber que eles estão ali e o que estão fazendo.
Fonte:
Blog Geografia Hoje-Disponível em:<http://geografianovest.blogspot.com.br/2009/10/os-dois-lados-da-raposa-serra-do-sol.html>.
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