sexta-feira, 2 de novembro de 2012

O fenômeno terras caídas: comunidades podem sumir do mapa

Para quem viaja ao longo dos Rios Amazonas, Solimões, Negro e demais rios, pode constatar um fenômeno natural que ocorre quase todos os dias e que ameaça varrer do mapa várias comunidades e até cidades situadas nas margens destes rios. Trata-se do fenômeno “terras caídas”, que é provocado pela força da correnteza dos rios que escava o solo das margens que em sua maioria é constituído por areia e barro, provocando o desmoronamento destas margens e afetando toda a vida humana no entorno.
Este fenômeno é antigo, mas só agora ganhou destaque devido a vários acidentes com mortes provocados pela queda da ribanceiras(encostas) que por sua vez provocaram ondas de até 3,5 metros de altura  em uma comunidade próxima a cidade de Parintins no Estado do Amazonas. O fato chamou a atenção da imprensa local e nacional e desde então foram mobilizadas equipes da defesa civil, de vários estados da Região Norte, apoiados por pesquisadores do Serviço Geológico do Brasil, para monitorar as áreas onde o fenômeno é mais intenso.
No Município de Santarém, no Pará, o fenômeno ocorre com mais intensidade na comunidade de Fátima do Urucurituba, situada às margens do Rio Amazonas que está ameaçada de desaparecer do mapa, pois nos últimos anos o fenômeno “terras caídas” derrubou por volta de 1300 metros de terra, afetando em cheio a vida de 71 famílias que residem no local. A escola da comunidade foi levada pela força do fenômeno, várias casas tiveram que mudar de local e para agravar mais a situação, nos fundos da comunidade há um lago que limita a capacidade de mudança das casas de local e pode ser o fator determinante para a extinção da comunidade, uma vez que quando a última faixa de terra cair e o rio se juntar ao lago nada sobrará.
                                        Vídeo sobre terras caídas em Santarém- You Tube
Ainda no município de Santarém, outras comunidades também estão ameaçadas de desaparecerem para sempre, trata-se das comunidades de Arapemã e Saracura, situadas à margem esquerda do Rio Amazonas em Frente a cidade de Santarém. A cada ano, estas comunidades perdem grandes quantidades de terras que são levadas pelo rio e forçam os moradores a mudarem suas casas de lugar e também reduz a área de terra disponível para a agricultura que se pratica na época da  vazante do rio.
Uma ação que pode contribuir para o agravamento da situação é a intervenção humana, uma vez que grandes construções são feitas às margens dos rios sem um estudo prévio das condições do solo, que em sua maioria é impróprio para a ocupação. Destaco aqui que antigamente os ribeirinhos sabiam conviver em perfeita harmonia com a natureza, mas com a chegada do “progresso” as coisas mudaram, grandes empreendimentos surgiram ás margens dos rios, ocupação desordenada das margens e o tráfego intenso de navios cargueiros, dentre outros contribuem para a ocorrência mais intensa do fenômeno.
Nada pode ser feito para consertar os estragos que já foram provocados pela queda das ribanceiras, mas algo poder ser feito no tocante à conscientização de todos para que cessem as construções de grande porte ao longo das margens dos rios, algo pode ser feito para diminuir o tráfego de navios cargueiros pelo rio Amazonas ou se não for possível fazê-lo, que estes passem em baixa velocidade ao longo de todo o rio. Estas são apenas sugestões, se são válidas ou não, ninguém sabe, o que se sabe é que o rio amazonas fica mais largo a cada dia e muitos geólogos e geógrafos o consideram um” rio jovem”, e ao escrever este texto, pude entender que talvez o fenômeno “terras caídas” contribui para que o Grande Rio num futuro próximo se torne adulto.


sábado, 22 de setembro de 2012

Santarém e seus sonhos utópicos


Santarém, a “Pérola do Tapajós” como é conhecida, vive desde os primeiros dias de sua criação à espera do desenvolvimento, que está sempre vindo, mas nunca chega, tal como o dia de amanhã. Muito se fala no tão esperado “salto econômico” que a cidade pode dar ao ser contemplada com a sonhada pavimentação da rodovia Santarém-Cuiabá, a BR-163, que teoricamente traria o  crescimento para a economia e consequentemente a melhoria da qualidade de vida da população local.
Recentemente, o governo federal anunciou o lançamento de um audacioso projeto que coloca Santarém na lista de cidades beneficiadas com a construção de uma ferrovia orçada em assombrosos 133 bilhões de reais. A ferrovia que liga o Centro-Oeste ao Porto de Santarém, servirá para reduzir os custos com o transporte da soja proveniente do Mato Grosso que é exportada através do porto santareno.
        O vice-governador do Estado do Pará, Helenilson Pontes, ficou eufórico ao falar que “ainda que a ferrovia ligando Santarém ao centro-oeste esteja em estudos, esse reconhecimento já foi alcançado”. A construção está prevista par acontecer daqui a 20 ou 25 anos, acredito que não é motivo para comemorar algo que sequer sabemos se irá de fato ocorrer.
Ainda focado no discurso do vice-governador, vemos claramente que continua o pensamento de continuarmos servindo como ponte, como “burros de carga”, como base, como escravos do capitalismo, pois essa obra se concluída servirá apenas para escoar a produção do Mato Grosso e nada ficará para a cidade, a exemplo do porto da Cargill que trouxe consigo miséria e terror para a região.
É hora de pensarmos numa maneira de tirar Santarém dessa poça de lama em que está submersa há décadas e não sonhar com algo que pode ou não acontecer daqui há 20 anos. Os problemas sociais estão aí, a cidade sofre com o inchaço populacional provocado pela expulsão de famílias de suas terras na área rural por grandes agricultores do centro-sul do país, para dar lugar à plantação de soja.
A cidade não tem um programa de tratamento de esgoto que atenda os requisitos mínimos, para que os dejetos não sejam lançados diretamente nos rios. A infraestrutura da cidade, de forma geral, é precária, ruas necessitam urgentemente de asfalto ou mesmo de barro para tapar os buracos; a educação deixou a desejar na avaliação do IDEB(Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), que avalia como está o ensino nas séries iniciais.
Teríamos motivo para comemorar se Santarém deixasse de ser “cavalo de sela” dos empresários do centro-sul, que só usam a estrutura portuária da cidade e nada deixam em troca. Seria extremamente útil se o município impusesse como condição para a construção de grandes empreendimentos, a construção/reforma de escolas, de hospitais, asfaltamento  de ruas, construção de estações de tratamento de esgoto, etc. para que a cidade deixasse de viver à margem do desenvolvimento, como pessoas que vivem á margem de estradas e só veem o progresso passar.
Santarém, que um dia sonhou ser a capital do Estado do Tapajós, luta contra problemas do século passado, como esgoto lançado nos rios, como ruas de terra batida e esburacadas, como o lixão a céu aberto que envergonha a todos  que tem uma mínima noção de educação ambiental. Problemas que se resolvidos colocariam a cidade numa posição de destaque no cenário nacional e quiçá, mundial.
Posso aqui, correndo o risco de parecer ridículo, fazer uma comparação da cidade no estado atual com uma pessoa que vive nas ruas, com suas roupas sujas, descalça e faminta – mas se alguém ou se algum organismo der a atenção que essa pessoa necessita como alimentação, roupas limpas, calçados, um abrigo e  até mesmo um emprego, a pessoa será outra, terá outra aparência e se sentirá mais humana, mais importante. Assim seria Santarém, se alguém olhasse com carinho, se preocupasse com os problemas(que são muitos), aos poucos soluciona-los de acordo com a ordem prioritária, logo  estaria vestida, limpa, calçada e estabilizada.
A cidade tem um potencial turístico extraordinário que contrasta com a miséria que  se expande quase que diariamente e de certa forma sufoca este potencial. Desejo ver a cidade onde nasci cheia de grandes realizações destinadas ao bem estar de seu povo e não dos empresários migratórios, que usam a cidade sem nada deixar como recompensa a não ser buracos, destruição e miséria.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Curicaca: Preservação à bala


Quando eu ainda era criança, ouvia falar no temor que tinham os pescadores das comunidades de Piracaba e Periquito(atual Santa Cruz)  em encontrar um grupo de homens armados  da comunidade de Curicaca que tinham o intuito de afugentar àqueles que adentrassem o rio Maicuru para esticar suas redes em busca de peixes “melhores’. Este grupo de homens saia de suas casas com o objetivo de patrulhar o rio Maicuru até sua foz, no lago grande de Monte Alegre, no Estado do Pará.
Muitas histórias estão ligadas à preservação do rio Maicuru(do Curicaca para baixo), entre elas: dois assassinatos, inúmeras agressões físicas e verbais, juras de morte e muita especulação e medo tanto por parte dos pescadores e suas redes que insistem em invadir o rio para pescar quanto por parte dos comunitários de Curicaca que não sabem o que ou quem os aguardam a cada patrulha.
Não se sabe ao certo quando começou e sequer sabe-se quem foi o mentor das patrulhas organizadas por homens armados com espingardas, revólveres e facões. O que se sabe é que essa iniciativa funcionou por bastante tempo, os pescadores das comunidades vizinhas que tradicionalmente pescam com redes tinham um certo medo em estica-las no rio que era rico em “peixes graúdos” como pirarucu,tambaqui, surubim, entre outros.
Quando a patrulha que era composta por até vinte homens divididos em várias canoas encontrava alguém pescando com redes, que aqui são chamadas de “malhadeiras”, eles tomavam as redes, se o pescador tivesse arma, esta também era apreendida e de vez em quando(quase todas as vezes) o pescador era agredido fisicamente e sofria ameaças diversas. A confusão estava feita.
No  fim dos anos 80, a primeira morte ligada à essa disputa, o então líder do pessoal que preservava, Henrique de Cristo foi assassinado numa “tocaia” quando voltava do cemitério no dia 2 de novembro, levando um tiro nas costas disparado por um indivíduo de codinome “caçarola”. A morte do líder estremeceu em parte o movimento de preservação, jogando uma nuvem de desconfiança e medo no restante do grupo.
Foi apontado como mandante do crime um pescador da comunidade de Piracaba que ficou preso por alguns dias, mas absolvido por falta de provas. Quanto ao assassino, cumpriu alguns anos da pena e posto em liberdade, porém numa noite escura, quando voltava de uma caçada, foi assassinado  com golpes de facão e semi-esquartejado, o(s) assassino(s) nunca foram localizados, alguém foi preso acusado de participação, mas liberado por falta de provas.
Hoje, o movimento de preservação está enfraquecido e “ apenas algumas famílias preservam a vontade de ver o rio e seus peixes protegidos, outros se deixaram seduzir pela “malhadeira” e a usam no rio (escondido, é claro), pois é mais fácil e mais rápido de apanhar os peixes do que o arpão e a tarrafa”, afirma Juarez de Jesus, filho do lugar e  funcionário do Sindicato dos Trabalhadores Rurais do Município.
A situação da comunidade de Curicaca que tentou à sua maneira manter seu  meio ambiente preservado para as futuras gerações, mostra a vontade de um povo em preservar a natureza em que vive e de que depende, mostra também que a união de um grupo em torno de um objetivo comum traz resultados eficazes. Pessoas tombaram no meio da jornada, mas de alguma forma, serviram de combustível para que os demais continuassem o sonho.
É claro que o método utilizado pelos moradores de Curicaca não é legal, não é adequado, não é o correto para se lidar como este tipo de situação, mas foi a maneira que eles encontraram para manter equilibrado o meio ambiente ao redor do lugarejo. É claro que existem outras mil opções de preservação com ajuda dos órgãos de preservação da natureza, como ONGs, organismos do Estado, associações, etc. que poderiam dar suporte aos comunitários para que estes deixassem de usar as armas e dessa forma parassem de fazer a preservação à bala.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Fugindo do propósito do blog- Um breve relato


As pessoas que atravessaram a década de 1950 contavam com um aparato de utensílios para a casa muito diferente do que vemos hoje no interior de nossos lares. Eu nasci e fui criado no interior do Amazônia, num lugar tão distante que só se pode chegar de barco ou em certas épocas do ano, de carro, mas este último só pode transitar no verão amazônico, pois no inverno os barcos imperam.
Tomando a Amazônia como referência, meu pai foi balateiro (seringueiro - balata é uma árvore que produz borracha assim como a seringueira) de 1940 a 1967 e acumulou uma verdadeira enciclopédia de histórias referente à essa época.
A primeira coisa que se fazia era conseguir um fornecedor para os suprimentos necessários para um período de 6 meses selva adentro. Esse período que se ficava no interior da mata compreendia o período entre os meses de janeiro a junho ou fevereiro a julho, dependia da situação, vale ressaltar que esse período coincide com as cheias na Amazônia e era justamente por isso que iam nessa época, para facilitar o escoamento da borracha do interior da mata até a cidade, já que no período de seca era impossível transportar. Era necessário levar “do alfinete ao foguete” para sobreviver durante o período de extração do leite do látex. Eram organizadas grandes caravanas com mini-frotas de 8 a 10 canoas carregadas de suprimentos e pessoal necessários para a exploração do produto e um detalhe: não havia motor para a impulsão, era tudo no remo ou no “varijão”.
Os homens saiam da cidade de Monte-Alegre, no Oeste do Pará em direção ao alto rio Maicuru ou alto rio Paru, um ano exploravam um rio e no ano seguinte exploravam o outro. Quando chegavam em uma cachoeira, o procedimento era descarregar toda a mercadoria subir a encosta, e dar a volta na cachoeira, inclusive carregava-se as canoas, era um esforço tremendo. Calculava-se que a viagem de ida demorava em torno de um mês, já a volta por estar descendo o rio e trazendo a borracha que vinha sendo conduzida pela correnteza presa a enormes cabos de manilha e sinalizada com bóias demorava um pouquinho mais.
   Pois bem, ao chegarem ao local onde seria instalado o barracão chefe, onde eram armazenados todos os suprimentos necessários para o período em que estivessem ali, descarregavam as canoas e tratavam de construir os tapiris para acomodar os suprimentos. Mas não se ficava no barracão chefe, este servia apenas como local de armazenagem de suprimentos, ia-se muito além na mata onde estavam as balateiras.  Lá faziam barracões menores para morar pelo período em que se fizesse a coleta do leite  e quando acabasse os mantimentos, era só ir buscar no barracão chefe, viagem que demorava um dia para ir e voltar. A caça era primordial para a sobrevivência, uma vez que os mantimentos levados eram complementares e os homens dependiam de suas “miras” para aquisição de carne de mamíferos, aves ou peixe. E assim ficavam até atingir a produção esperada ou chegar a época de voltar e entregar a produção ao fornecedor dos suprimentos que somava os débitos com os lucros da produção e falava quanto era o lucro ou o prejuízo do balateiro, dependendo do que este fez enquanto estava no balatal.
Passada esta fase, o balateiro voltava para casa, onde sua esposa (quem tinha) a esperava. Geralmente quando ele ia para a mata deixava a mulher grávida e quando voltava já encontrava o filhinho nascido de alguns meses ou encontrava a esposa em vésperas de dar á luz e ficar pronta para engravidar quando chegasse a época do balateiro partir novamente para as matas em busca da borracha. E esta era a vida.                                                   Na casa não havia luz elétrica, havia uma lamparina, que era alimentada com querosene, o fogão era à lenha e não havia cama, todos dormiam em redes coladas umas as outras. A casa era de palha desde o telhado até as paredes e o piso de barro batido, o único meio de comunicação era o rádio, acomodado em uma enorme caixa de madeira do tamanho de um microondas de hoje, era movido por oito pilhas e tinha uma antena enorme que cruzava a casa e ia para o lado de fora onde subia até uma imensa vara cravada na terra. Esse rádio era tudo, ouvia-se o que acontecia no Brasil e no mundo, ouvia-se a radio novela, etc...
  Com seu trabalho, o balateiro saiu da casa de palha e foi morar numa casa de tábuas com telhas de barro e com quartos divididos, comprou uma geladeira que funcionava a querosene, havia um tanque para o combustível embaixo onde se girava uma manivela e acendia-se um pavio e a geladeira começava a funcionar. Foi um grande salto, a família começou a beber a famosa água gelada, que poucos podiam na época. O homem montou uma venda que tinha de tudo, desde agulhas, bebidas geladas até armas de fogo. Foi um salto, mas ainda não havia luz elétrica, não havia fogão a gás ( em casa), não havia televisão, enfim,  não havia muita coisa, mas havia o suficiente para sobreviver dentro das condições da época.
   Comparando a casa em questão e a vida do velho balateiro falecido em 2007 com as condições atuais, pode-se dizer que ele vivia numa situação precária, mas era o suficiente para levar uma vida razoável para a época, hoje temos motor em praticamente todas as canoas que trafegam pelos rios, igarapés e lagos da Amazônia.  O programa luz no campo do governo federal levou a energia elétrica ao lugarejo onde o balateiro vivia, mas este morreu antes de ver esse feito, nos últimos anos de sua vida tinha um gerador que funcionava de 18 as 21h.  A televisão em cores chegou e todos do lugar tem uma acompanhada de uma antena  parabólica, o ferro de passar, antes movido á brasa, hoje é uma necessidade e é elétrico e todos também o  tem, a geladeira  indispensável para a conservação de alimentos é um ítem que praticamente todos a tem, já a velha geladeira a querosene  hoje é só um utensílio no deposito. O transporte que leva as pessoas do lugarejo até a cidade é o ônibus e em grandes invernos é substituído pelo barco. Antes os moradores iam a pé no verão e de canoa a remo no inverno.
Sem dúvida nenhuma, nossa vida foi absurdamente facilitada pela transformação que sofreu a humanidade em relação aos meios tecnológicos, estes facilitaram nossas vidas  nos poupando esforços que antes eram feitos de maneira arcaica, hoje fazemos num estalar de dedos ou num piscar de olhos , depende de quem o faz.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Hidrelétricas: Energia limpa?


Desde que comecei a me interessar pela causa ambiental amazônica, tenho ouvido muito falar sobre o termo “energia limpa” que é fruto de debates intermináveis por parte de cientistas, governos e especialistas interessados nos benefícios  desse tipo de energia. Um exemplo que é amplamente divulgado é o caso do Brasil com suas gigantescas usinas hidrelétricas alimentadas pela força da água dos rios que fazem girar as turbinas e transformando-se  em eletricidade, mas esta forma  tida como energia limpa causa tanto mal ao meio ambiente como qualquer outra fonte de energia.
Recentemente, a revista científica Nature Climate Change , que é altamente conceituada no meio científico, divulgou estudo derrubando a tese de que a energia gerada por centrais hidrelétricas é limpa. Segundo a revista, as usinas localizadas no interior da Amazônia emitem nos primeiros anos, uma imensa quantidade de gases poluentes que agridem a camada de ozônio e dessa forma contribuindo significativamente para o efeito estufa.
Hidrelétrica de Balbina,AM- Foto: IHU
Outro fator que pesa contra as usinas  hidrelétricas é o fato de precisarem de grandes áreas para serem transformadas em reservatório de água, áreas que eliminam toda a vida vegetal e animal que habitava ali. Também precisam deslocar ribeirinhos de suas casas onde viviam há várias gerações e são obrigados a se acomodarem em um lugar qualquer determinado pelo governo, muitas vezes sem direito de escolha.
É evidente que o Brasil com o crescimento econômico alcançado nos últimos anos e com o aumento da população e formação de novas cidades, precisará de toda a energia elétrica disponível. È evidente que precisamos das hidrelétricas que são responsáveis por volta de 90% da energia que consumimos, mas deveríamos saber que não são tão limpas assim como o governo brasileiro nos vende a imagem.
Finalmente faço algumas perguntas: Será que uma fonte de energia que mata toda a fauna e flora de uma região pode ser considerada limpa? Será que uma hidrelétrica que expulsa a população nativa pra formar um imenso reservatório, pode ser limpa? Ao emitir por  vários anos gases nocivos, provenientes da decomposição de material orgânico submerso, que contribuem para o efeito estufa, essa fonte de energia pode ser limpa?  Como leigo no assunto, fiquei surpreso ao saber que “energia limpa” tão defendida por nosso governo não passa de um mito.    

Fonte:

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Dia da Amazônia (em tempo)

   Ontem (05 de setembro) foi comemorado o dia da Amazônia, infelizmente não pude postar nada devido vários problemas de técnicos. Para tentar corrigir o equívoco, publico um relatório de uma encontro denominado " XI ENCONTRO VERDE DAS AMÉRICAS" que participei durante três dias.

O XI Encontro Verde das Américas aconteceu em Brasília, nas dependências do Museu Nacional nos dias 20, 21 e 22 de setembro de 2011, alicerçado no tema “Em busca de soluções”, desencadeou uma série de discussões sobre a questão do meio ambiente contando com a presença de autoridades nacionais e internacionais, especialistas nos mais diversos assuntos referentes aos problemas na relação homem-natureza, representantes da Igreja Católica, da comunidade indígena, estudantes, etc...
Num mundo cada vez mais quente, cada vez mais seco, cada vez mais faminto, cada vez mais dependente de combustíveis fósseis, além de outras muitas deficiências, faz-se necessária a realização debates entre cientistas, representantes do Estado e da sociedade em geral para avaliarmos o que vemos fazendo ao longo de centenas de anos com a nossa Terra.  Retiramos dela tudo aquilo que precisamos desde os primórdios de nossa existência, mas agora chegamos a um nível de exploração perigoso que ameaça a nossa sobrevivência, assim como a existência do Planeta Terra.
No encontro, foram discutidos temas voltados para a preservação do Cerrado, que é um bioma muito importante para o Brasil por abrigar as nascentes de três das maiores bacias hidrográficas do país, por estar localizado sobre o Aqüífero Guarany, por possuir um terço da  biodiversidade brasileira e por estar ameaçado pelo avanço da agricultura para o plantio de soja , avanço da pecuária, derrubada da vegetação para produção do carvão vegetal, além de outras ações agressivas.
O problema do abastecimento de água no mundo foi muito discutido, pois a possibilidade de faltar água potável na Terra em poucos anos é real e em alguns países a falta d’água já existe. O grande desafio é tornar as pessoas conscientes sobre o problema. Foram propostas ações para evitar o desperdício de água, ações que todos sabem, mas não o fazem, ações simples que não custam nada, como desligar uma torneira enquanto se escova os dentes, por exemplo. Há outros problemas como a contaminação de rios, igarapés, nascentes, lagos , lagoas e etc... com esgoto sem tratamento despejado diretamente sobre eles, com agrotóxicos oriundos da agricultura, com lixo, com vazamento de resíduos tóxicos de industrias e muitos outros que agravam o problema.
Houve discussões sobre a questão do consumo que está muito alto e a produção que  também alcança um nível nunca antes visto pela humanidade, um nível que está além da capacidade de reposição pela natureza que já  não tem como repor o que se retira e se houver essa reposição, só será em idade geológica, ou seja, milhões de anos. Um outro problema relacionado ao consumo é a produção de lixo que é absurdamente sem controle, muitos países estão operando com capacidade máxima para o processamento do lixo produzido.  A solução para a maioria desse lixo que se produz sem parar é a reciclagem, pois materiais descartados por uma pessoa, pode servir de meio de sustento para outra, além de contribuir com o meio ambiente, ajuda a diminuir  a quantidade de lixo que vai ser jogada nos lixões ou outro destino mais moderno.

   Campanha do dia da àrvore          Foto: Amazonas Sustentável

A energia não ficou de fora das discussões, especialistas debateram o desafio de gerar energia limpa  sem agredir o meio natural e ao mesmo tempo promovendo a melhoria da qualidade de vida dos moradores da região onde os projetos serão implantados. A situação da hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu, foi bastante explorada, mostrou-se o lado dos índios representados por Marcos Terena (líder indígena) e o lado do governo, através de um diretor da Eletrobrás( empresa estatal da área de energia elétrica). Outra questão relacionada à  energia foi a situação da produção de etanol e seu reflexo no meio ambiente e na economia do país. A situação da descoberta do pré-sal no tocante ao petróleo também entrou na pauta. O uso de energias limpas como na Embaixada italiana em Brasília que é totalmente ecológica, pois utiliza painéis solares para gerar eletricidade, além de usar um sistema ecológico para tratamento do esgoto nas dependências da Embaixada.
  As mudanças climáticas que perigosamente levam o planeta ao caos, por derreter as calotas polares, aumentar o nível dos oceanos, provocar chuvas fortes e tempestades violentas em um lugar e seca em outro, também dominaram as rodas de debates.  Poluímos muito o ar, com uso indiscriminado de automóveis movidos a combustível fóssil que produzem o CO2 (dióxido de carbono), nossas fábricas lançam toneladas de gases venenosos na atmosfera a cada segundo e muitas outras formas de poluição acontecem. O mundo entrou em estado de alerta devido às constantes agressões feitas pelo homem ao meio natural. Derrubamos florestas para formação de pastagem, agricultura, construção de cidades, hidrelétricas, estradas etc.. e não nos preocupamos com toda a vida animal que existia ali antes de derrubarmos. Não paramos para pensar que uma ação nossa aqui, reflete em todo o planeta, pois o planeta é interligado. Nosso desejo por consumir, por produzir, por adquirir capital, vai nos levar a destruição se nada de concreto for feito imediatamente, a começar pela educação e outra medida seria nos incluirmos como parte da  natureza também, para termos a visão de que se fazemos mal a natureza, consequentemente estaremos fazendo mal a nós mesmos.
  Um evento desse porte é uma fonte de informações valiosa, pois reúne em um mesmo lugar especialistas de diversas áreas com ações voltadas para o meio ambiente e estes, compartilham seus pensamentos, seus projetos e suas preocupações com todos os presentes. É uma oportunidade para nos interar a respeito daquilo que só ouvíamos falar e agora podemos aprender com quem realmente entende do assunto. Certamente com as lições captadas em um encontro como este, nossa mente se abre, nosso peito se enche de responsabilidade, pois a partir do momento  que você comprova que o planeta onde vivemos corre o risco de deixar de existir por nossa culpa, nos faz repensar nossas ações e se começarmos a mudar nossos hábitos em prol de uma natureza sadia, cedo ou tarde chamaremos a atenção de nosso vizinho, nossa rua, bairro, cidade, país e quem sabe, do mundo. Basta acreditarmos, nos educarmos, pararmos de agredir àquela que sempre nos deu tudo e não pediu nada em troca. Agora é nossa vez de retribuir tudo o que nos foi oferecido, é tempo de dar atenção especial, carinho e tudo o que for possível para frearmos as ações sem controle que estão por determinar o fim do planeta.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Curiosidades sobre o desenvolvimento da Região Norte


  O desenvolvimento sempre foi objeto de busca incessante pelos povos ao redor da Terra, muitas vezes (grande maioria) esse desenvolvimento chega trazendo consigo uma série problemas que caminham paralelos. Mas o desejo de desenvolver determinada região é tão forte que as conseqüências desse feito ficam em segundo plano, ainda que estas possam num futuro próximo ou em um futuro distante, comprometer a própria existência da vida naquela região. É o que parece estar acontecendo com a Região Norte, região que foi desbravada à força e que em virtude da ocupação sem planejamento adequado  encontra-se em situação preocupante.
  Na região o onde começo da migração intensa deu-se no fim do século 19 e intensificou-se no século 20 cujo  motivo que levou a essa migração ( principalmente de nordestinos ) foi a exploração da borracha. È uma região gigantesca em termos territoriais e também gigantesca em diversidade de vida de todos os tipos.  Por estar distante do Centro-Sul do país, a Região Norte demorou a ser povoada e com a mentalidade do governo militar que era preciso “ocupar para não entregar”, deu-se então a invasão da região por parte de inúmeros fazendeiros da Região Sul e Sudeste dispostos a desmatar imensas áreas para dar lugar a plantações de grãos e para a criação de gado com a benção do governo.
Foi criada a SUDAM (Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia) para promover o desenvolvimento da região através de incentivos fiscais para atrair empresas para a região. Foi então criada a Zona Franca de Manaus  que com seus incentivos fiscais atraiu as maiores empresas do planeta para se instalarem na Amazônia, o que provocou um inchaço na cidade de Manaus pois atraiu milhares de pessoas de toda a região norte e até de outras regiões em busca de emprego nas empresas recém- chegadas. Essa industrialização da cidade de Manaus através da chegada de milhares de empresas alavancou a economia do Estado do Amazonas e trouxe um outro problema, a poluição do meio ambiente pelos resíduos tóxicos despachados pelas fábricas,  mas isso não era problema para a época, o importante era desenvolver a região mesmo que para isso fosse necessário acabar com o meio ambiente( hoje, a realidade é outra, existe uma preocupação com a natureza por parte das empresas).

Fábrica do projeto Jarí- Foto: Site Centro-Oeste

Com seus incentivos fiscais garantidos até 2023, a Zona Franca de Manaus garante emprego de forma direta e indireta para 500 mil pessoas e é responsável por injetar alguns milhões de reais no comércio, no setor de serviços e outros setores do Estado do Amazonas. É inegável que as empresas que estão em Manaus farão muita falta, caso deixem a cidade, no caso de uma “não renovação” dos incentivos fiscais a partir de 2023.
        Outro projeto que merece destaque é o Projeto Jarí que nos anos 1960 e 1970 foi instalado na divisa entre os estados do Pará e Amapá ( na época era território) por um milionário norte americano com o objetivo principal de extrair celulose na região e posteriormente se expandiria para outros ramos como a mineração, pecuária  e agricultura.  A área pertencente ao empresário era gigantesca e para que o projeto fosse adiante  foi necessário montar uma verdadeira estrutura como a construção de escolas, hospitais etc. Até uma cidade foi inaugurada para abrigar os trabalhadores do projeto. Mas o projeto se tornou inviável e o empresário negociou com o governo uma saída para a situação.
       Hoje, vemos  na Região Norte uma significativa melhoria nos padrões de vida( ainda não é o ideal) da população. No Norte temos o Estado cada vez mais presente, seja através das Forças Armadas com assistência a saúde das populações, com projetos de infraestrutura em vários municípios através do projeto Calha Norte , instituído para “promover a Ocupação e o desenvolvimento ordenado e sustentável da região". 
         É muito difícil promover o desenvolvimento dessa região sem esbarrar no problema da degradação do meio ambiente. No passado foram usados “slogans” para incentivar a ocupação das áreas desabitadas sem levar em conta os impactos que essa ocupação traria à natureza. Após vários anos, notamos que essas ações desencadeadas pelo Estado foram responsáveis por colocar abaixo milhões de hectares de florestas intocadas até então. Dizimamos várias tribos de índios que habitavam as florestas muito antes da chegada dos portugueses, culturas que desapareceram para sempre. Envenenamos a água de rios buscando ouro nos garimpos do rio Tapajós no Pará e em outros lugares.
        Diante de atos tão tenebrosos que promovemos, devemos parar por um minuto e por a mão na consciência e nos perguntar: fizemos isso para o bem da humanidade? E nossos filhos e netos? O que deixaremos para eles? Com a ciência a nosso favor, poderíamos começar a usar os recursos naturais de forma responsável através da mudança de nossos hábitos de consumo. A população da região Norte ainda conta com assistência precária do Estado que parece não justificar os milhões de reais destinados ao desenvolvimento da região. 

FONTE:
SUFRAMA- Disponível em:<http://www.suframa.gov.br/>.
           

sábado, 1 de setembro de 2012

Biopirataria: Um nome novo para um problema antigo


Segundo o dicionário, biopirataria é a “atividade ilegal ou criminosa relacionada com os recursos biológicos”, este ramo da pirataria vem se tornando comum no ambiente amazônico dia após dia. O primeiro caso que se tem notícia por aqui foi o famoso contrabando de mudas da seringueira (Hevea brasiliensis) da Amazônia por cientistas ingleses no fim do século XIX que levou o Brasil a diminuir fortemente a exploração da borracha extraída da planta, uma vez que as mudas levadas pelos britânicos se adaptaram perfeitamente ao solo e clima asiáticos para onde foram levadas. Outro caso que requer atenção foi o contrabando feito pelo Brasil de mudas de café da Guiana Francesa, fato que marcou o início do ciclo econômico conhecido como ciclo do café (1800-1930) e fez do café o principal produto de exportação do país por um século.
 Biopirataria não significa somente a retirada ilícita de animais e vegetais de um determinado ecossistema, é também e principalmente a apropriação criminosa do saber popular de comunidades tradicionais, é a apropriação criminosa da propriedade intelectual indígena, é apropriar-se sem consentimento de uma tradição secular de determinado povo no tocante ao uso dos recursos naturais. Vale ressaltar que o conhecimento do homem da floresta é compartilhado por todos que ali vivem, portanto não é uma mercadoria que se pode comprar nas prateleiras de um supermercado ou de uma farmácia.  
Recentemente o Brasil travou uma batalha com o Japão pelo direito ao uso do nome da fruta amazônica cupuaçu (Theobroma grandiflorum) registrada em todo o mundo pela empresa japonesa ASAHI FOODS que proibia totalmente a comercialização e uso de qualquer produto que tivesse o nome cupuaçu patenteado pela empresa. Após exaustivas batalhas em tribunais internacionais o Brasil obteve vitória e repatriou o nome e todos os direitos relativos à fruta que existe há milênios por aqui.
Sapo( Dendrobates tinctorius) encontrado recentemente no Pará- Foto: Mater Natura

Biopiratas atuam livremente na Amazônia com aval das tribos indígenas que talvez não tenham a noção do perigo real que estes criminosos representam para a aldeia e para o futuro das próximas gerações.  O caso a que me refiro aconteceu na tribo Munduruku  que assinou um contrato com a empresa estrangeira CELESTIAL GREEN, onde “concede à empresa o direito de realizar todas as análises e estudos técnicos, incluindo acesso sem restrições a toda a área, aos seus agentes e representantes” e ainda todos os direitos de quaisquer certificados ou benefícios que se venha a obter através da biodiversidade desta área”.
Existem muitos outros casos que merecem destaque e que certamente deixariam os leitores indignados por estarem ocorrendo debaixo de nossas vistas sem que possamos interferir. É uma situação que requer uma interferência direta e urgente do Estado nas áreas onde estão ocorrendo ameaças ao bem natural legitimamente brasileiro, através de assistência aos índios, aos ribeirinhos e a população de forma geral para que estes possam se sentir protegidos e para que seja criada uma barreira contra a presença estrangeira.
Quem sabe em algum lugar esquecido pelo poder público, mas lembrado por organizações maldosas que compram a população local com roupas usadas, com médicos e remédios e com algum dinheiro, possa estar em algum vegetal ou animal a cura para os males que a humanidade ainda não descobriu  (câncer e AIDS, por exemplo). Nesse caso, o Brasil detentor da matéria-prima, seria prejudicado, pois não cuidou bem daquilo que deveria: o saber popular das populações tradicionais, que associado à ciência pode gerar muitos benefícios à população do Planeta e que estão sendo valorizados pelos biopiratas.

  Fonte:
 Dicionário online Priberam- Disponível em:<http://www.priberam.pt/DLPO/default.aspx?pal=biopirataria>.
Biomania - Disponível em:<
>.
Projeto Escola Legal- Disponível em:< http://www.projetoescolalegal.org.br/?p=1989>.
Mater Natura- Disponível em:< http://novo.maternatura.org.br/news.php?news=563>.

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Amazônia: Responsabilidade de todos





A Amazônia, o "Santuário Esmeralda"( conforme expressão do cantor e compositor David Assayag), está encolhendo a cada dia,  vítima da exploração criminosa e consentida dos recursos naturais que ela detém. A pecuária, a agricultura em grande escala, a abertura de garimpos clandestinos, a exploração ilegal de madeira, o lançamento de bilhões de litros de esgoto in natura nos rios, alem de outros, deixam à mostra a vulnerabilidade desse bioma que perde volume, sangra e sofre silenciosamente enquanto aguarda por atitudes salvadoras do ser humano.
Ao longo do tempo muita coisa mudou por aqui, desde a chegada dos portugueses por volta de 1540. Começou com as colheita das chamadas ‘drogas do sertão’, passou por lavouras diversas, pela febre da borracha, pela explosão do garimpo, pela construção de hidrelétricas e enfrenta há muito tempo a exploração ilegal de madeira, o desmatamento para dar lugar à agricultura e a explosão demográfica.
A exploração racional dos recursos naturais associada à conscientização de todos configura-se como melhor forma de combatermos o crescente encolhimento da maior floresta tropical do planeta. Muita coisa tem sido dita sobre a preservação e uso sustentável dos recursos naturais ao redor do planeta, muitas reuniões envolvendo chefes de Estado, autoridades em meio ambiente, cientistas das mais diversas áreas e a sociedade em geral, mas os resultados após exaustivos debates mostraram-se tímidos ou ineficazes.

Amazônia de Roberto Carlos- You tube

É importante que todos entendam que não se preserva o meio ambiente com palavras, com promessas ou com omissão. Faz-se necessário que o Estado esteja envolvido diretamente no combate aos crimes ambientais implementando políticas sociais emergenciais (em alguns casos) e duradouras no tocante ao tratamento de esgoto das cidades ribeirinhas, na assistência aos pequenos agricultores que utilizam o método de queimada para limpeza do solo para o cultivo, no preparo e aparelhamento moderno dos agentes fiscalizadores a fim de contribuir para uma vigilância eficaz, além de outras.
A Amazônia está em processo acelerado de degradação e pode, em médio prazo, deixar de ser verde para se tornar cinza (fruto das queimadas) ou amarela (agricultura em larga escala). Qualquer que seja a causa real da destruição do meio ambiente, seja aqui ou em qualquer lugar, é evidente que estamos submetendo a natureza a um tratamento que pela cruel indiferença perante o sofrimento e pela total falta de “humanidade”, chega a ser quase inacreditável. Precisamos fazer a nossa parte para que as gerações que ainda virão possam usufruir daquilo que temos hoje e para que  o Planeta Terra tenha sua “vida útil” prolongada.

sábado, 25 de agosto de 2012

MAMIRAUÁ: UM EXEMPLO PARA O PLANETA


As Unidades de Conservação, sejam de proteção integral ou de desenvolvimento sustentável, tem sido a forma mais eficaz de preservarmos as formas de vida que habitam o meio natural, dando a elas descanso, refúgio e proteção contra as ações nada civilizadas do homem. Um exemplo de sucesso e superação é o Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, no Estado do Amazonas, que abriga um autêntico santuário da vida selvagem e mantém as populações tradicionais como parceiras.
 O Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá tem suas raízes no ano de 1980, quando o Primatólogo José Marcio Ayres começa seus estudos na região do Médio Solimões. Mais tarde, em 1985, José Marcio Ayres e o fotógrafo Luis Cláudio Marigo encaminham ao governo federal uma proposta para a criação de uma área para proteção, principalmente voltada para a proteção do primata Uacari-branco (cacajao calvus calvus) que constava na lista oficial de animais ameaçados de extinção, medindo em torno de 200 mil hectares. Solicitação atendida pelo governo federal em 1986 quando criou  a Estação Ecológica de Mamirauá (EEM).
A Estação Ecológica recém-criada foi então transferida para a responsabilidade do governo do Estado do Amazonas que a incorporou através do decreto nº 12.836 de 9 de março de 1990 e aumentou sua área para os limites que conhecemos hoje, totalizando 1, 124 mil hectares e tem como limites o rio Solimões, o rio Japurá e o canal Uati-paraná, na região do médio Solimões no Estado do Amazonas.
Por ser a Estação Ecológica uma espécie de Unidade de Conservação de proteção integral que proíbe a permanência de moradores em sua área, o modelo de estação ecológica para Mamiruá tornou-se inviável, pois haviam inúmeras famílias que viviam ali há anos e a criação da reserva não lhes acrescentaria nada, pelo contrário, lhes tiraria tudo o que tinham. Nos anos de 1994 e 1995 após várias discussões envolvendo autoridades ambientais, o governo do Estado e a população local com o apoio de pesquisadores que elaboraram um plano de manejo e apresentaram uma proposta que mudaria a categoria de Estação Ecológica para Reserva de Desenvolvimento Sustentável. Essa proposta foi aceita pelo governo do Estado do Amazonas e em 1996 foi criada a Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá e no mesmo ano é divulgado seu plano de manejo.
No ano de 1998 foi criada pelo governo do Amazonas a Reserva Amanã  vizinha a reserva Mamirauá e que faz a ligação entre esta e o Parque Nacional do Jaú.  Juntas Mamirauá e Amanã formam o Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá que foi a Primeira Unidade de Conservação do país a utilizar o modelo de desenvolvimento sustentável. É a maior Unidade de Conservação do Brasil localizada em área de várzea e é um dos sítios brasileiros da convenção de Ramsar das Nações Unidas que confere grau de importância a áreas alagadas em todo o mundo.
Com o objetivo de incentivar o uso de maneira sustentada dos recursos naturais nas Reservas de Mamirauá e Anamã  e também para conservar a biodiversidade e proporcionar a melhoria da qualidade de vida das populações residentes nas reservas, foi criado o plano de manejo. Quando foi implantado, esse plano de manejo abrangia uma área de 260 mil hectares, mas devido a necessidade de atender um número maior de ribeirinhos, essa foi expandida para a totalidade das reservas. Essa recente expansão autorizada pelo governo do Estado do Amazonas, em fevereiro de 2011, atendeu assim a solicitação do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá e da sociedade civil da região que implementaram mudanças ao plano de manejo elaborado em 1995.
O plano de manejo atual foi elaborado por pesquisadores do IDSM, auxiliados pela sabedoria da população local, monitorando as espécies utilizadas no manejo e em concordância com a legislação ambiental . Esse plano, através de suas várias modalidades, começou a funcionar no ano de 1998, em caráter experimental em comunidades selecionadas onde a população possuía o dom para a atividade econômica e que tivessem acesso aos recursos a serem manejados.
Macaco Uacari branco(graças a ele, existe a reserva Mamirauá) Foto: Pousada Uacari  
O Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá ( IDSM) assiste aos moradores das reservas de Mamirauá e Amanã dando a eles total suporte para o desenvolvimento das atividades implementadas dentro das reservas: orientações para o fortalecimento da gestão comunitária, para a capacitação e aperfeiçoamento das práticas de produção e assessoria para o licenciamento e comercialização dos produtos produzidos nas reservas. Existem várias atividades desenvolvidas, dentre os quais pode-se destacar a agricultura familiar, o artesanato, utilização dos recursos florestais,  utilização dos recursos pesqueiros e o turismo de base comunitária.
Agricultura familiar - Desenvolvido por pesquisadores do IDSM, tem como principal objetivo promover o manejo agroecológico dos agroecossistemas através de um diagnóstico do manejo secular realizado pelas comunidades ribeirinhas e apartir desse diagnóstico implementar técnicas modernas e simples para melhorar essa atividade. Há também o incentivo ao manejo de abelhas nativas sem ferrão, a criação familiar de animais de pequeno porte como galinhas, patos, perus, porcos e carneiros, além da produção de hortaliças.
Artesanato – Incentivado apartir do ano de 1998, inicialmente teve como objetivo repassar o oficio para as novas gerações pois poderia perder-se no tempo caso não houvesse a prática. Hoje é um oficio muito valorizado e respeitado dentro e fora das reservas, tendo em vista a grande procura pelos ecoturistas que visitam as reservas e desejam levar uma lembrança de Mamirauá.
Recursos florestais – Implementada com o objetivo de realizar a extração sustentável da madeira por meio de planejamento, de seleção, monitoramento e execução do projeto com participação ativa dos ribeirinhos interessados na exploração desse recurso.
Recursos pesqueiros – A pesca é a atividade econômica mais importante para os ribeirinhos da Amazônia e por isso, o IDSM implantou apartir do ano de 1997 o programa de manejo da pesca com o objetivo de promover a exploração sustentável dos recursos pesqueiros nas reservas do instituto. Tendo como principal produto de comercialização o internacionalmente conhecido Pirarucu ( Arapaima gigas ) que anualmente tem uma comercialização de 1000 toneladas. Além do Pirarucu existem outras espécies economicamente viáveis como o Tambaqui (Colossoma macropomum), além de outras espécies.
Turismo de base comunitária – Dentro da Reserva Mamirauá foi construída uma pousada para a hospedagem de visitantes  interessados em conhecer as atividades desenvolvidas na reserva, assim como as maravilhas naturais existentes nessa região. A pousada é administrada pelos próprios ribeirinhos que receberam treinamento para a atividade. O programa tem como objetivo promover assessoria técnica para as iniciativas de turismo de base comunitária e subsidiar o manejo dessa atividade.
Além das atividades citadas anteriormente, o IDSM recebe cientistas de várias universidades do Brasil e também do exterior  interessados em desenvolver estudos relacionados ao desenvolvimento sustentável e também sobre as espécies animais e vegetais (muitas endêmicas) que habitam a área das reservas.
O Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá  é um exemplo de Unidade de Conservação que deu certo. Com planejamento, mobilização da sociedade civil, pesquisadores de várias universidades, ribeirinhos moradores das reservas e autoridades governamentais  empenhados em proteger  a natureza . É um exemplo impressionante que prova que com vontade política e com a ajuda da população e pesquisadores, é possível a exploração sustentável dos recursos naturais através de manejo adequado e promover melhoria da qualidade de vida dos moradores locais sem precisar agredir o meio ambiente. O exemplo de sucesso desse modelo de exploração nos deixa orgulhosos em saber que em algum lugar do Brasil a natureza está sendo bem cuidada. Está havendo uma perfeita sincronia entre o homem e o meio ambiente. É a prova que poderemos preservar a natureza sem criar mitos.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá- Disponível em:<http://www.mamiraua.org.br/>.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Raposa Serra do Sol: miséria e riqueza


Com sua demarcação assinada pelo Presidente da República em 2005 e ratificada pelo Supremo Tribunal Federal(STF) em 2009, a reserva indígena Raposa Serra do Sol, localizada no Estado de Roraima, ocupa uma área de 1,7 milhões de hectares, o que representa por volta de 7% da área total do Estado. Na reserva, vivem quase 20 mil índios de várias etnias que agora podem usufruir de toda a extensão demarcada com exclusividade, já que todos os não índios foram obrigados a deixar a reserva, sendo necessária uma operação da polícia federal para garantir a desocupação.
A reserva indígena Raposa Serra do Sol finalmente saiu do papel após uma luta de 88 anos ( segundo documentos oficiais, a criação da reserva foi recomendada em 1917) e trouxe consigo grandes problemas vinculados aos dois lados interessados na demarcação: os “brancos” que viviam na área da reserva e os índios que reivindicaram o direito à terra. Por um lado, os brancos que viviam na área plantavam arroz que abastecia o Estado e também os estados vizinhos e respondia por 6% do PIB de Roraima, além de outras propriedades de criação de gado e por outro lado, os índios de diversas etnias apoiados pela Fundação Nacional do Índio(FUNAI) e outros órgãos estatais,além de diversas ONGs.
Após a demarcação, houve uma série de atos violentos por parte dos arrozeiros (plantadores de arroz) que incendiaram várias casas dos índios, bloquearam estradas, ameaçaram de morte e chegaram até estacionar um carro bomba em frente a instalação onde estavam diversos policiais federais, designados para retirar os brancos da reserva, além de muitas outras ações em represália à decisão do STF. Até o governador do Estado entrou na briga decretando sete dias de luto oficial em protesto à demarcação das terras, alegando que o Estado só teria a perder.


Reserva Raposa Serra do Sol- Fonte: Blog Geografia Hoje


As consequências dessa ação do governo federal foram sentidas algum tempo depois, na periferia de Boa Vista (capital de Roraima), surgiram 4 favelas que em sua maioria são povoadas por brancos que viviam na área da reserva e foram expulsos e ainda aguardam a indenização por parte da União. As favelas também são ocupadas por vários índios que trabalhavam nas propriedades dos arrozeiros e vendiam sua produção(mandioca,frutas e pequenos animais) para estes e  que agora não tem como sobreviver na reserva, uma vez que não existe mais o salário que garantia seu sustento, assim como não há para quem vender sua produção de subsistência.
O que não foi  divulgado, que talvez seja o principal motivo da vontade dos índios  demarcarem a reserva é que na Raposa Serra do Sol existe a maior reserva de ouro do planeta; existe a maior reserva de nióbio que supera em 14 vezes a quantidade conhecida no mundo, capaz de ser explorada por mil e duzentos anos ininterruptos; há a segunda maior reserva de urânio do planeta; há reserva de diamantes, zinco e muitos outros minérios. Coincidentemente, surgiram vários garimpos clandestinos de ouro e diamante, operados pelos índios que livres da concorrência do homem branco, podem explorar “por baixo dos panos” uma riqueza que por lei pertence à União, mas por estar localizada em uma reserva indígena, não pode ser explorada, teoricamente.
A demarcação da reserva Raposa Serra do Sol, certamente atendeu a interesses internacionais alimentados por ONGs que detinham de alguma forma o conhecimento do potencial mineral da área e que agora usufruem com a ajuda dos índios que ficaram, da exploração ilegal dos minérios. A criação da reserva trouxe até agora mais prejuízos  do que benefícios para o Estado de Roraima e quem sabe trará muito mais prejuízos, dessa vez ao Brasil, pois os limites da reserva extendem-se até  a fronteira com a problemática Venezuela e com a Guiana, que pode ser (se não já for) a porta de entrada para estrangeiros atuarem livremente na reserva, sem que possamos saber que eles estão ali e o que estão fazendo.   
 
  

 Fonte:


segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Preço da Amazônia: 50 bilhões de dólares


  É de partir o coração saber que em torno de 3 milhões de hectares  de terras da Amazônia foram compradas por estrangeiros nos últimos anos, a notícia é do Portal Amazônia.com  e  serve como alerta, pois esse número tende a aumentar com a aprovação no congresso nacional da liberação de compra de terras por empresas brasileiras com capital estrangeiro. Na prática, esse tipo de aquisição favorecerá o investidor estrangeiro que indiretamente é o dono das terras que foram adquiridas.
  No ano de 2008, veio à tona uma denúncia amplamente divulgada pela imprensa brasileira de que o   megaempresário sueco-britânico  Johan Eliach havia comprado as terras de uma madeireira falida no Estado do Amazonas, a área adquirida por este senhor soma a impressionante marca de 160 mil hectares de floresta em pleno Brasil. Essa área é maior que a cidade de São Paulo e agora está nas mãos de um estrangeiro que é o fundador da ONG  COOL EARTH ( terra legal - em português) que teoricamente tem o propósito de “ajudar” os ribeirinhos da comunidade de Democracia, no município de Manicoré, Estado do Amazonas, onde ficam as terras adquiridas.

                                           Reportagem do Fantástico- You Tube

  Ainda focando em Johan Eliasch, a ABIN( Agência Brasileira de Inteligência) e a Polícia Federal abriram investigação para apurar como se deu a aquisição de uma grande quantidade de terras amazônicas por ele e também para apurar o incentivo do empresário a um grupo de empresários para investirem na Amazônia, pois seria possível compra-la por 50 bilhões de dólares.  Vejam senhoras e senhores, nossa Amazônia tem um preço e com a conivência do congresso nacional em breve teremos uma multiplicação de áreas controladas por estrangeiros bem superiores aos 3 milhões de hectares atuais.
  É indispensável que haja uma fiscalização eficiente e imparcial para apurar qual o número exato de hectares de terras amazônicas está nas mãos de estrangeiros. Entendo que é necessário proteger, entendo que temos a obrigação de proteger, mas não é vendendo pequenas ou grandes porções de terras a estrangeiros que vamos garantir a proteção da natureza na Amazônia. Se continuarem a fatiar esse patrimônio natural brasileiro em pouco tempo este bem comum estará internacionalizado e  nada podemos fazer.

Fonte: G1- Disponível em:
EXAME.COM- Disponível em: 
PORTAL AMAZÔNIA.COM- Disponível em:
YOU TUBE- Disponível em: