Para quem viaja ao longo
dos Rios Amazonas, Solimões, Negro e demais rios, pode constatar um fenômeno
natural que ocorre quase todos os dias e que ameaça varrer do mapa várias
comunidades e até cidades situadas nas margens destes rios. Trata-se do
fenômeno “terras caídas”, que é provocado pela força da correnteza dos rios que
escava o solo das margens que em sua maioria é constituído por areia e barro,
provocando o desmoronamento destas margens e afetando toda a vida humana no
entorno.
Este fenômeno é antigo,
mas só agora ganhou destaque devido a vários acidentes com mortes provocados
pela queda da ribanceiras(encostas) que por sua vez provocaram ondas de até 3,5
metros de altura em uma comunidade próxima
a cidade de Parintins no Estado do Amazonas. O fato chamou a atenção da
imprensa local e nacional e desde então foram mobilizadas equipes da defesa
civil, de vários estados da Região Norte, apoiados por pesquisadores do Serviço
Geológico do Brasil, para monitorar as áreas onde o fenômeno é mais intenso.
No Município de
Santarém, no Pará, o fenômeno ocorre com mais intensidade na comunidade de
Fátima do Urucurituba, situada às margens do Rio Amazonas que está ameaçada de
desaparecer do mapa, pois nos últimos anos o fenômeno “terras caídas” derrubou
por volta de 1300 metros de terra, afetando em cheio a vida de 71 famílias que
residem no local. A escola da comunidade foi levada pela força do fenômeno,
várias casas tiveram que mudar de local e para agravar mais a situação, nos
fundos da comunidade há um lago que limita a capacidade de mudança das casas de
local e pode ser o fator determinante para a extinção da comunidade, uma vez
que quando a última faixa de terra cair e o rio se juntar ao lago nada sobrará.
Vídeo sobre terras caídas em Santarém- You Tube
Ainda no município de
Santarém, outras comunidades também estão ameaçadas de desaparecerem para
sempre, trata-se das comunidades de Arapemã e Saracura, situadas à margem
esquerda do Rio Amazonas em Frente a cidade de Santarém. A cada ano, estas
comunidades perdem grandes quantidades de terras que são levadas pelo rio e
forçam os moradores a mudarem suas casas de lugar e também reduz a área de
terra disponível para a agricultura que se pratica na época da vazante do rio.
Uma ação que pode
contribuir para o agravamento da situação é a intervenção humana, uma vez que
grandes construções são feitas às margens dos rios sem um estudo prévio das
condições do solo, que em sua maioria é impróprio para a ocupação. Destaco aqui
que antigamente os ribeirinhos sabiam conviver em perfeita harmonia com a
natureza, mas com a chegada do “progresso” as coisas mudaram, grandes
empreendimentos surgiram ás margens dos rios, ocupação desordenada das margens
e o tráfego intenso de navios cargueiros, dentre outros contribuem para a ocorrência
mais intensa do fenômeno.
Nada pode ser feito
para consertar os estragos que já foram provocados pela queda das ribanceiras,
mas algo poder ser feito no tocante à conscientização de todos para que cessem
as construções de grande porte ao longo das margens dos rios, algo pode ser
feito para diminuir o tráfego de navios cargueiros pelo rio Amazonas ou se não
for possível fazê-lo, que estes passem em baixa velocidade ao longo de todo o
rio. Estas são apenas sugestões, se são válidas ou não, ninguém sabe, o que se
sabe é que o rio amazonas fica mais largo a cada dia e muitos geólogos e
geógrafos o consideram um” rio jovem”, e ao escrever este texto, pude entender
que talvez o fenômeno “terras caídas” contribui para que o Grande Rio num futuro
próximo se torne adulto.
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