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terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Pra descontrarir


O senhor Irino, morador das margens do Lago Grande de Monte-Alegre, no Pará, contou certa vez uma história que deixou muita gente arrepiada diante dos detalhes relatados  que ele jurou ser a mais pura verdade. Há uma ilha no Lago Grande, que por ser afastada da terra firme, pouca gente se arrisca a ir, pois existem rumores de ser mal assombrada e tem gente que já viu muita “misura” por lá. Mas, numa certa noite de luar com o vento calmo, o seu Irino , juntamente com um outro pescador resolveram tentar a sorte  e lançar as malhadeiras(redes de pesca)  nas proximidades da ilha.
Ao lançarem todas as redes, resolveram ir à terra para descansar e aguardar a hora de revistar  as redes pra ver se algum peixe fora capturado,  assim o fizeram. A lua brilhava como se fosse um dia claro e eles adormeceram, deitados no pedregulho da Ilha da Mucura, como é conhecida a ilha em questão, acordando lá pelas altas horas da noite com barulho de um galope de cavalos.


Assustados, não tiveram ação pra levantar e perceberam que os cavalos se aproximavam em alta velocidade e passaram  por cima deles, mas  sem encostar uma pata, perceberam então que se tratava de dois cavalos, um branco e um preto cujos pelos tinham um brilho fora do comum refletindo a luz do luar. Os dois pescadores assustados, lembraram-se que na ilha  não havia moradores, muito menos animais e nessa hora ouviram um barulho que vinha da mata de várzea atrás deles e quando olharam, ficaram assombrados com o que viram.
Havia um vulto de um ser humano com um chapéu na cabeça   que os chamava , apontava para algo no chão que os dois pescadores identificaram como sendo um caixão e havia também uma espécie de fogueira com um fogo na cor azul que o ser, hora ou outra atiçava com areia que ele pegava no chão e atirava sobre o fogo .  O medo tomava conta do coração dos homens , mas a curiosidade em saber o que ou quem era aquela criatura que os chamava, o que queria e por que estava ali , era maior e superava qualquer sensação de assombração, mas ao chegarem mais perto,  perceberam que aquele  ser  tinha os dedos (que apontavam para o caixão) ressecados como alguém que está morto há algum tempo .
Nesse momento, quando seu Irino olhou para trás, viu que seu companheiro não estava mais ali, havia corrido em direção à canoa  e ele (Irino) não poderia ficar ali junto àquele ser e também saiu em desabalada carreira rumo  à canoa onde já se encontrava seu companheiro e dali saíram jurando nunca mais voltar. Ao narrar o acontecido, o pescador transmitia segurança nas palavras e  transmitia também uma emoção que seria difícil determinar se é história de pescador ou se, de fato ocorreu.

Um comentário:

  1. Bom, depois de ler e reler...rs! Devo dizer que achei interessantíssimo esse conto, se posso dizer assim... E que fiquei muito curiosa para saber o final!

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